http://www.jj.com.br/noticias-3033-oficina-de-poesia-agita-a-biblioteca
É possível ensinar a escrever poesia ou o poeta já nasce pronto? Essa é uma pergunta que fazem quando se pensa em poesia. Muita gente acredita que ser poeta é um talento nato, que a pessoa já nasce poeta. Porém, escrever envolve um trabalho de lapidar o poema depois de escrito. São escolhidas as palavras que melhor cabem naquele tipo de escrita. Algumas vezes, sim, o poema vem inteiro, com forma e tudo, na inspiração e cabe ao escritor colocar o texto no papel.
Essas e outras reflexões fizemos hoje na primeira oficina de poesia ministrada pela professora de língua portuguesa e espanhola Geralda Aparecida Dias, na biblioteca municipal “Professor Nelson Foot” em Jundiaí, São Paulo.
Durante a oficina foram lidos vários poemas de diferentes autores, pensamos um pouco sobre se há técnica de criação poética e se haveria uma “receita” para interpretar um poema, chegando à conclusão que cada poema é único e sua técnica termina no momento de sua construção, não havendo ainda um único modo para interpretar o texto poético, pois a interpretação se dá a partir do próprio texto que carrega em si os signos para ser compreendido.
Os participantes da oficina puderam também escrever e compartilhar seus poemas. Foi uma manhã de sábado muito agradável, com muita troca de conhecimento.
Os poemas abaixo são de Bruna Barreto e de Geralda Aparecida Dias, Maria Cristina Suhr Drake e Getúlio Canuto Vieira, respectivamente:
O que sou?
Busquei a poesia,
Em mim.
Encontrei um abismo,
E assim,me joguei.
Até hoje,contínuo caindo,
Não paro de me afogar
Em palavras,
Versos,
Alegrias e gestos.
Espero cair eternamente,
Espero que seja eterno,
Em minha mente,
Pois,neste abismo me encontrei.
Descobri a melhor parte de mim,
Realmente,
Eu sou um abismo,
Um abismo,
Sem fim.
BOM, BOM
Muito bom
poder brincar
com palavras, pessoas, poemas
renova a vida
traz alegria
enche o meu dia
de poesia.
Bom, bom
Que bom saborear
saberes
trocar impressões
conhecimentos
prazeres!
Viva a poesia!
Hoje o dia acordou diferente.
Teve sabor de metáfora, de curiosidade, de encantamento.
Olhando pela vidraça do meu interior, vi minha liberdade querendo correr o mundo.
Por uma pequena fresta entrou um raio de sol que vislumbrou uma viagem para o infinito.
É preciso refazer as malas, tirar os excessos e deixar somente o essencial.
Hoje, a manhã teve sabor de poesia, teve sabor de bombom.
MCSD
Ao sabor da Ventania
Getúlio Canuto Vieira
O gosto de chocolate neste dia
Trazia o sabor da infância.
Comecei a desembrulhar e o som que fazia
Lembrava uma ventania.
E pensei que podia
Fazer um Aviãozinho-de-Papel.
Sabe! que nunca soube
Muito bem dobrar direito aquelas folhas,
Pois sempre parece que elas
São como pétalas
E querem voar das minhas mãos.
Mas só aprendi que para construir um avião
Não precisa conhecer aerodinâmica,
Apenas é preciso aprender a voar,
Fazendo como criança papel de aviãozinho.
Que delicia!
É saborear o vento que entra pelas narinas.
Não importa, pode ser menino ou menina,
Correndo de braços abertos
Do tapete ao teto,
Ao sabor da Ventania.